O Brasil e a China preparam-se para assinar um acordo de cooperação e intercâmbio em áreas tecnológicas importantes, como semicondutores, redes móveis 5G e 6G, inteligência artificial e células fotovoltaicas para geração de energia solar. A parceria será formalizada durante a visita do presidente brasileiro Lula, prevista para a próxima semana.

Esses acordos também envolverão capacitação em desenvolvimento de sistemas de proteção de dados, aplicativos, computação em nuvem, internet das coisas (IoT) e algoritmos industriais. Os Estados Unidos competem com a China no mercado dessas tecnologias e pressionam o Brasil a evitar negociações com o país asiático.

A agenda do presidente Lula inclui uma reunião com a Huawei, líder em conexões de sexta geração, e a montadora de veículos elétricos BYD, que pode adquirir a fábrica desativada da Ford na Bahia. Além disso, o presidente se encontrará com a empresa energética State Grid e a construtora China Communications Construction Company (CCCC).

Durante a viagem, Brasil e China também planejam anunciar o lançamento de um novo satélite CBERS para fortalecer a rede de vigilância da Amazônia.

A indústria de semicondutores no Brasil possui 11 empresas focadas apenas no backend. A China controla quase 50% do mercado global dessa etapa final da produção de chips, incluindo testes, afinamento, corte e encapsulamento dos componentes. Os chineses também são experientes no frontend, que envolve a fabricação do componente, mas não conseguem produzir os chips mais avançados, tecnologia dominada por Taiwan e Coreia do Sul.

O investimento e a transferência de tecnologia para as fábricas no Brasil podem impulsionar a produção de chips menos avançados, permitindo ao país começar a fabricar semicondutores de 14 nanômetros, essenciais para a indústria automobilística nacional. O governo brasileiro também considera reativar o Centro de Excelência em Eletrônica Avançada (Ceitec), uma estatal focada na fabricação de chips.